Ônibus são incendiados em Natal; Governo apura se ordem de incêndios partiu de presídios


Uma série de ataques a ônibus foi iniciada na tarde desta segunda-feira (16) na Grande Natal. Até o momento, a Polícia Militar do Rio Grande do Norte registrou quatro ocorrências nos mesmos moldes. De acordo com a PM, criminosos ordenaram que funcionários e passageiros deixassem os veículos e atearam fogo nos ônibus. A cena se repetiu no bairro Petrópolis, na Zona Leste; no conjunto Vale Dourado, na Zona Norte; no bairro Golandim, em São Gonçalo do Amarante, na região metropolitana; e em Parnamirim, também na Grande Natal.
A Secretaria Estadual de Segurança Pública e Defesa Social (Sesed) apura se os ataques têm relação com a onda de rebeliões que ocorrem desde a semana passada nos presídios do estado. O governo do Rio Grande do Norte decretou situação de calamidade do sistema prisional do estado por causa dos motins. Seis unidades prisionais tiveram celas quebradas e colchões queimados em rebeliões na quarta (11), quinta (12), sexta (13) e nesta segunda.

Os ataques levaram as empresas de ônibus a recolher a frota de veículos mais cedo, conforme a Secretaria de Mobilidade Urbana de Natal. O primeiro ataque foi registrado no conjunto Vale Dourado, onde quatro homens atearam fogo em um ônibus na Avenida Santarém. O incêndio foi evitado pelos próprios passageiros, que utilizaram extintores para conter as chamas. Os suspeitos do crime fugiram sem serem identificados.
Terceiro incêndio ocorreu no terminal do Golandim, em São Gonçalo do Amarante (Foto: Divulgação/Polícia Militar do RN)
Terceiro incêndio ocorreu no terminal do Golandim (Foto: Divulgação/Polícia Militar do RN)
O terceiro caso foi no terminal do bairro Golandim, em São Gonçalo do Amarante. O major Manoel Kennedy, comandante do 4º Batalhão da PM, relatou que criminosos ordenaram a saída de passageiros e funcionários do ônibus antes de incendiar o veículo e fugir. Por último, um ônibus foi incendiado na BR-101, em Parnamirim, na Grande Natal.
Alcaçuz enfrenta rebeliões de presos há mais de uma semana (Foto: Heloisa Guimarães/Inter TV Cabugi)Alcaçuz enfrenta rebeliões de presos há mais de uma semana (Foto: Heloisa Guimarães/Inter TV Cabugi)
A onda de rebeliões nos presídios começou na última quarta-feira. Os motins continuaram na quinta, sexta e nesta segunda, atingindo até agora seis unidades prisionais do Rio Grande do Norte. As grades e celas dos pavilhões foram quebradas e em alguns casos os detentos foram levados para as quadras dos presídios.
Detentos destruíram seis celas do Centro de Detenção da Ribeira, em Natal (Foto: Kléber Teixeira/Inter TV Cabugi)
Detentos destruíram seis celas do CDP da Ribeira (Foto: Kléber Teixeira/Inter TV Cabugi)
Foram alvos de ataques o Centro de Detenção Provisória da Ribeira, na Zona Leste de Natal; a Penitenciária Estadual de Alcaçuz, em Nísia Floresta; a Penitenciária Estadual de Parnamirim (PEP); o Complexo Prisional João Chaves, na Zona Norte; o Presídio Provisório Professor Raimundo Nonato, na Zona Norte; e o Centro de Detenção Provisória (CDP) da Zona Norte.


Força Nacional
A assessoria de comunicação da Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social informou que foi solicitado apoio da Força Nacional em virtude da onda de rebeliões no sistema prisional. O reforço federal, segundo a assessoria da Sesed, pode chegar a 300 homens, que devem começar a partir desta terça-feira (17).
Presos encerram rebelião em Alcaçuz no fim de tarde desta quarta (11) (Foto: Divulgação/Sejuc)
Presos iniciaram rebeliões na quarta em Alcaçuz(Foto: Divulgação/Sejuc)
A força tarefa deverá apresentar ao governador Robinson Faria, a cada 30 dias, um relatório circunstanciado das atividades. As medidas da situação de calamidade foram propostas após a apreciação do relatório de Situação e Diagnóstico, e consideram a destruição por parte dos rebelados de mil vagas divididas entre Alcaçuz (450), Penitenciária Estadual de Parnamirim (250) e Cadeia Pública de Natal (300).
Danos à estrutura da penitenciária de Alcaçuz ainda não podem ser quantificados (Foto: Divulgação/Sejuc-RN)
Presídios danificaram estruturas de presídios (Foto: Divulgação/Sejuc-RN)
O Ministério Público do Rio Grande do Norte instaurou inquérito civil para investigar a falta de vagas nos presídios do estado. O inquérito vai apurar medidas usadas pelos órgãos públicos responsáveis pela gestão do sistema penitenciário estadual. Segundo o MP, não há unidades prisionais suficientes no estado.


A Polícia Militar registrou o segundo incêndio de ônibus no bairro Petrópolis, na Zona Leste de Natal. O comandante do 1º Batalhão da Polícia Militar, major Antônio Marinho, informou que o crime foi cometido por três homens. "Um deles estava armado e mandou o motorista e os passageiros descerem, dizendo que só queria o ônibus. Os outros dois jogaram gasolina e atearam fogo", afirma o major. Os responsáveis pelo incêndio fugiram a pé e não foram identificados. Ninguém ficou ferido com as chamas.
Rebeliões
Após a onda de rebeliões, o governo anunciou a exoneração do secretário estadual de Justiça e Cidadania, Zaidem Heronildes da Silva Filho. A Sejuc será comandada interinamente pela delegada de Polícia Civil Kalina Leite Gonçalves, que já responde pela Sesed.
A assessoria acrescentou que o decreto de calamidade para o sistema penitenciário será publicado no Diário Oficial do Estado desta terça. A decisão permite que medidas de emergência sejam adotadas e determina a criação de uma força tarefa. A Secretaria Estadual da Justiça e da Cidadania fica responsável por designar uma comissão especial de licitação, que deve acompanhar todos os processos e decisão a serem adotadas.
MP investiga falta de vagas
De acordo com o MP, a população carcerária no RN é de, aproximadamente, 7.650 pessoas e o Estado disponibiliza cerca de 4 mil vagas. Devido à recente série de rebeliões nos presídios, o órgão investigará as condições estruturais das unidades prisionais e a gestão do sistema penitenciário.
A "grave ineficiência funcional dos agentes públicos responsáveis pela gestão deste sistema" é citada na publicação do Diário Oficial local como um dos principais motivos para a superpopulação carcerária.

0 comentários :

Postar um comentário

 
Blog Carlinhos Silva © 2013 | Traduzido Por: Template Para Blogspot